Responsáveis pela disciplina de medicina do coletivo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) querem que a Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC) para de atender os animais e recebê-los sem oferecer outra solução.
A SPAC havia firmado uma parceria com a esta disciplina para troca de experiências, sendo que ao mesmo tempo que os alunos estariam vivenciando a realidade de um abrigo, estariam auxiliando neste trabalho. A SPAC recebeu professores e alunos, como faz com todos que querem participar e conhecer o trabalho da entidade. Vários alunos de diversas áreas e instituições vão a entidade frequentemente para realização de trabalhos acadêmicos e ações comunitárias, além da população que procura a entidade por ajuda ou para ajudar.
Devido as condições precárias da entidade e distorções na avaliação que a SPAC recebeu através da observação realizada durante a presença dos envolvidos nesta disciplina, a UFPR exigiu que a SPAC parasse de atender os animais e recebê-los, sendo que ofereceu como alternativa duas clínicas e o Hospital Veterinário de Pequenos Animais da UFPR para realizar o atendimento a valores acessíveis, mas não ofereceu opção para o atendimento a animais de famílias em situação realmente crítica, que não sabem como irão arcar com os custos de atendimento, e especialmente a animais que não tem ninguém ou retirados de seus lares por denúncias graves de maus tratos, onde não cabe orientação e os animais necessitam ser retirados e encaminhados para atendimento emergencial.
A SPAC sobrevive exclusivamente da renda da clínica veterinária que funciona no local e colaborações da população, depende dos atendimentos e procedimentos remunerados para continuar ajudando os animais que hoje dependem da SPAC para lar provisório e socorro e de famílias com dificuldades. Além disso, várias famílias procuram a SPAC por indicação de outros profissionais que se negam a atender animais pela dificuldade financeira da família, geralmente casos graves que necessitam de procedimento emergencial, famílias que chegam a SPAC e relatam que ouviram que "lugar de pobre é na SPAC". Se a entidade se negar a atendê-los como nos foi exigido, estes animais não terão outra opção.
As dificuldades que a entidade enfrenta são de conhecimento geral, está embargada há muito tempo, recebe órgãos de fiscalização frequentemente e pilhas de orientações. Dentro das possibilidades, lentamente estamos caminhando para desocupação do imóvel onde funcionam os atendimentos, sendo que o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) se ofereceu em nos ajudar a selecionar um local apropriado para a clínica, assim que conseguirmos levar todos os animais do Sta Cândida para sede em Colombo onde está sendo construída a sede própria.
Mesmo com os conflitos gerados com esta disciplina, tentamos continuar o trabalho conjunto, mas só recebemos retorno negativo, diretamente e por terceiros. Sendo assim, cancelamos a parceria através do email abaixo no dia 25 de novembro e no dia seguinte recebemos a notícia que a UFPR está fazendo denúncias contra a SPAC, o que já esperávamos, e oficiando todos os órgãos ligados a segurança pública para não indicarem ou levarem animais mecessitando de socorro emergencial a SPAC, sem indicar outra opção.
Segue mensagem de cancelamento abaixo:
---------- Mensagem encaminhada ----------De: SPAC - Institucional - Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba Data: 25 de novembro de 2014 09:41Assunto: Re: Parceria com a UFPRPara: Rita de Cassia Maria GarciaCc: Ivan Roque de Barros Filho , Peterson Dornbusch , Alexander Biondo , Marlos Gonçalves
Bom dia!
Pensei muito com relação a parceria com a disciplina de medicina do coletivo da UFPR e nossas últimas conversas e decidi cancelá-la.
A intenção era compartilhar experiências e tentar melhorar o trabalho da entidade, mas isso não ocorreu e por tudo que ouvi até agora, não irá acontecer.
Órgãos de fiscalização já temos e respondemos a eles há muito tempo. A SPAC não está embargada por acaso. Mesmo assim, presta um serviço relevante a comunidade e aos animais, mas vocês não conseguem enxergar isso.
Quando comecei como voluntária na SPAC em 2001, achei o local horrível , sempre ouvi que era, por isso nunca havia ido. Mesmo assim, nem sei porque, continuei indo ajudar quando podia e nesse meio tempo fui entendendo a importância do trabalho realizado e me propus a ajudar a melhorar. Devagar estamos avançando e logo espero nossa realidade seja diferente.
Mesmo com as dificuldades e os problemas na entidade, recebemos todos que querem entrar e participar, assim como recebemos vocês. Não escondemos nossa realidade de ninguém. Mas da forma com que vêem a SPAC e quem dela participa, realmente não vejo como continuar. Precisamos de soluções, não mais cobranças, isso já temos de sobra. Muito menos de quem acredita que só prejudicamos os animais e ainda saem falando isso por aí.
O trabalho da SPAC não vai parar. Todas as recomendações levamos em consideração, o que pudermos fazer agora vamos fazer, muitas coisas já fazemos, mas não enxergam. Infelizmente tiveram a impressão que tiveram da entidade, mas só de achar que tiramos pano de varal pra cirurgia (o que não ocorre seja como for), deveriam revê-la, se quiserem.
Sabemos que a SPAC não é solução para o abandono e sim ações preventivas que não dependem de nós, mesmo podendo fazer parte delas de certa forma com as denúncias e castrações. Sabemos que a situação de superpopulação é maléfica para os animais e sempre falamos isso, mas não vamos deixar de socorrer os que necessitam. Fazemos porque a necessidade existe e não há quem faça, não o contrário. Cobrar soluções das autoridades cobramos sempre não é de hoje, é só consultar o google e verão. Mas deixar se ajudar em uma situação pontual, não iremos, e o mesmo cobramos das outras pessoas dentro de suas possibilidades. Vejam nossas publicações.
Quanto ao destino das arrecadações da SPAC, sou a mais interessada, pois todo o INSS devido é responsabilidade minha pessoal e vou ter que responder por isso. É só consultar a Justiça Federal e Procuradoria Geral para ver o que já está executado e o que logo será, fora o que ainda está na Receita. Mesmo assim, tentamos fazer nossa parte com os funcionários e veterinárias.
Com relação ao trabalho das veterinárias, respeito, admiro, e são elas que dão suporte as denúncias e vão comigo em audiências criminais resultado das denúncias registradas através do trabalho da SPAC. E se eu já estou ameaçada pessoalmente por este trabalho, todos que estão lá compartilham o mesmo risco, além de estar constantemente vulneráveis a críticas injustas.
Espero que nas outras parcerias, principalmente com organizações, a atitude seja diferente, caso contrário não conseguirão atingir mudança. As pessoas esperam, e isso foi a primeira coisa que me questionaram, que este trabalho seja para ajudar a melhorar, somar. Criticas e cobranças já existem.
Ats.,
Soraya SimonSociedade Protetora dos Animais de Curitiba
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